domingo, 23 de agosto de 2009

Take one for the team

Então, que o Rubinho é um bosta e que grandes merda ele ter vencido a corrida e que a loserness dele nunca se apagará todo mundo sabe. Outro dia ele tava sendo entrevistado e, graças ao fato de que todo mundo que aparece ao lado do João Gordo quer parecer “cool como ele” (vamos pensar nessa oração como se tivesse mais aspas ainda) e quer falar muitos palavrões e xingar a mãe de todo mundo, o Rubinho ainda se revelou pas-sa-do (expressões anos 90 me encantam de um jeito) com a Ferrari por causa daquela infame corrida em que ele deixou passar o outro membro da equipe. No caso, ele não tinha a menor possibilidade de vencer o campeonato, enquanto Schumacher, apesar de não ter precisado da vitória, era um dos favoritos.

Fiquei pensando na inabilidade das pessoas em se sacrificar pelo time. Em insistir na própria idéia, desconsiderando a capacidade alheia por insegurança ou excesso de auto-confiança, ainda que a outra sugestão fosse mais adequada de acordo com o senso-comum. Por insegurança, eu me refiro àquelas pessoas que querem passar uma fachada de confiantes, mas que preferem não escutar o que os outros têm a dizer para não murchar o ego de tamanho inconstante.

Difícil torcer pelo coletivo ao invés de torcer para si mesmo. Nesses momentos dá pra perceber que a gente não se odeia tanto assim. Meu sonho argumentar com um suicida que se ele é egoísta a ponto de se matar (egoísta porque alguém com certeza deve amar ele, provavelmente, acho, e essa pessoa vai sofrer) e que ele valoriza mais a opinião dele (uma opinião de suicida: ninguém me ama, ninguém me quer e a coisa toda) quer dizer que ele se ama e se ele se ama não deve se matar porque isso é pecado mortal e ele vai para o inferno e alguém que se ama não quer ir para o inferno, a menos que seja metaleiro, mas acho que é tudo mentira, a maioria deve tocar no grupo de música da igreja.

Antes de empurrar alguém de uma ponte, vou dizer isso. Mas acho que não seria qualificado como suicídio daí. Enfim, leis me confundem.

campanha pela frescura zero*

*tema sugerido pela amiga luciana galastri

cena: restaurante, hora do almoço, pessoa com um prato de comida de qualidade duvidosa chama o garçom.

- amigo! me traz uma coca zero, com limão e gelo.

se você congelou nos anos 80, começo dos 90 no máximo, deve estranhar a adição de qualquer palavra após a coca. pois é, antigamente, uma coca era uma coca, você a pedia e tomava do jeito que vinha. não tinha essa variedade de opções, zero, light, e o escambau, e, até onde eu me lembro, também não tinha esse negócio de pedir copo com limão pra coca, copo com laranja pro guaraná, e frecuras do tipo. lá pela metade dos anos 90, eu acho, que apareceram os refrigerantes diet (se apareceram antes, eu não era velho o suficiente pra diferenciar). mas, ainda assim, eram só os normais e os diet.

agora, você pode optar por light, por zero, copo com ou sem gelo, com limão, laranja, melancia, jaca, e outras bizarrices. tá, esses dois últimos eu nunca vi, mas deve ter em algum lugar. alguém aí poderia me explicar qual a utilidade de se ter tantos tipos de refrigerante? "ah, é mais saudável", alguém pode argumentar. tipo, é um refrigerante, então, no máximo, vai fazer menos mal.

e é aqui que entra o ponto principal: o refrigerante em si já é algo que faz mal (não, não sou contra, eu tomo mais refrigerante que qualquer um dos meus 4 leitores, aposto), então, vale à pena, em troca de 5% a menos de malefício, tomar um refri com um gosto pior que o original? sim, pois minhas pesquisas informais, com pai, mãe, irmã, namorada e meia-dúzia de amigos confirmam a minha teoria de que refrigerantes zero/light/diet são invariavelmente menos saborosos do que os refrigerantes tradicionais. só que não faz o menor sentido tomar algo pior só pra ter menos prejuízos à saude. seria a mesma coisa que passar a tomar cerveja glacial, ou malte, ou outra marca alternativa, caso elas aleguem ter menos calorias. um simples atentado ao bom gosto.

a adição do limão (seja no copo, ou diretamente no refrigerante, como na pepsi) faz parte de um outro tipo de frescura, acho que a mesma que levou à criação das caipirinhas de diversos sabores (também conhecidas como caipirinhas pra meninas), como morango, kiwi, uva, melancia, e sei lá mais o que. na verdade, acabei de pensar em uma teoria inversa à que acabei de citar: o surgimento dessas diversas caipirinhas fez com que a utilização do limão nessas bebidas caísse de absolutos e justos 100%, para absurdos e afeminados 50%. para recuperar as perdas, os produtores de limão fizeram acordo, primeiramente, com o sindicato dos garçons, que, em troca de benefícios financeiros, passaram a oferecer limão para acompanhar os refrigerantes. ao perceber o sucesso da medida, os produtores de limão entraram em acordo com a pepsi, criando um produto que de imediato conquistou o público. enfim, uma grande conspiração.

esse papo me lembrou de algo que surgiu há uns 4 anos, e que, felizmente, não vingou: a cerveja com tequila. era algo simplesmente intragável, não lembro de ninguém que tenha gostado. enfim, não tem nada a ver com a conspiração do limão, muito menos com a paranóia do zero, mas eu fiquei com vontade de falar nisso.