segunda-feira, 27 de outubro de 2008

apresentadora de programa infantil arruína vida de jovem

eu nunca gostei da xuxa. desde criança, sempre a achei muito irritante. não gostava de sua cara, de suas músicas, de seu jeito idiota. quando bem pequeno, chegava ao ponto de fechar os olhos e tapar os ouvidos quando ela resolvia aparecer na tv, entre os desenhos que eu adorava assistir.

e porque estou falando nela? porque ela é uma farsa. não, não me refiro ao famoso filme em que ela faz sexo com um piá de uns 12 anos. e também não estou falando do famoso episódio dos tabefes nas crianças, quando ela ainda estava em começo de carreira (esse segundo fato certamente pode ser encontrado no youtube - preguiça de procurar para linkar. o primeiro, se não estiver no youtube, com certeza estará em algum lugar na internet - http://www.google.com/). e também não me refiro às irritantes músicas por ela cantadas (cantadas, não escritas, pois me recuso a acreditar que ela tenha capacidade de escrever qualquer coisa, mesmo que seja "mexe a cabeça com o tchutchucão"), sejam as do tempo do ilariê, sejam as da atual fase, xuxa só para retardados LXVIII.

me refiro ao efeito devastador de uma música específica. arco-íris. estava eu jogando master com meus pais, minha irmã e meu cunhado, quando minha irmã sorteia a seguinte pergunta: "quais são as cores do arco-íris?"

eu era o último a responder, então recorri à minha esquecida gaveta de conhecimentos escolares, em algum buraco empoeirado do meu cérebro, pra tentar lembrar delas, enquanto o restante do pessoal tentava responder. primeiro foi meu pai, sem sucesso. depois minha mãe, e nada. chegou a vez do meu cunhado, e foi então que ele teve a brilhante idéia: lembrar da música da xuxa que citava todas as cores do arco-íris. e lá foi ele, cantando baixinho (baixinho, xuxa, hãn, hãn?) a tal da música. mas só conseguiu lembrar de seis cores, e acreditou que não estava lembrando da música inteira. as seis cores lembradas estavam corretas, mas para completar ele chutou roxo, e na verdade era anil. eu, por ter tido tempo suficiente para vasculhar minha memória, consegui acertar.

depois do jogo, meu cunhado e minha irmã ficaram tentando lembrar da música inteira, e ficaram muito desconfiados de que a música só ciatava 6 das cores do arco-íris. então eles me pediram para procurar a letra da música na internet, e adivinhem o que eu encontrei:

Vou pintar um arco-íris de energia / Pra deixar o mundo cheio de alegria / Se está feio ou dividido / Vai ficar tão colorido / O que vale nesta vida é ser feliz / Com o AZUL (1) eu vou pedir tranqüilidade / O LARANJA (2) tem sabor de amizade / Com o VERDE (3) eu tenho esperança / Que existe em qualquer criança / E enfeitar o céu nas cores do amor / No AMARELO (4) um sorriso / Pra iluminar feito o sol tem o seu lugar / Brilha dentro da gente / VIOLETA (5) mais uma cor que já vai chegar / O VERMELHO (6) pra COMPLETAR meu arco-íris no ar (...)

e, pra não ter dúvidas, segue a própria criatura cantando a música. se você não assistia ao programa da xuxa em excesso, será capaz de contar nos dedos quantas cores ela cita: http://www.youtube.com/watch?v=ZypQiBQyXdM (cuidado para não se distrair com: o talento vocal da xuxa; sua bela coreografia; seu belo modelito; o super-cenário).

imagino eu que, além do meu cunhado, muitas pessoas já foram prejudicadas por essa música, ao lembrá-la para recordar de todas as cores do arco-íris. e, por acreditar que tal fato não pode passar em branco, vou descobrir o e-mail da assessoria de imprensa da xuxa, e mandar um e-mail questionando essa situação, e exigindo uma solução por parte da cantora. em um próximo post, mostro o e-mail enviado, e a resposta recebida.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

o novo "rock"

sexo, drogas e rock'n'roll. pelo visto, essa tradição de boa parte das últimas gerações de jovens (sempre tivemos os que não participaram disso: jovem guarda, pop, pagode, disco, cada um em seu tempo - ou não) está sendo deixada pra trás.

só pra avisar: sou um pseudo-músico, nunca estudei o assunto profundamente, portanto, as opiniões que emitirei nas linhas abaixo serão, como de costume, apenas opiniões infundadas, baseadas apenas em achismos. nada de pesquisa, entrevistas, ou qualquer tipo de fundamentação - isso eu já pratiquei demais na faculdade.

enfim, como eu dizia, a "santíssima trindade da juventude" não é mais respeitada. as bandas de mais destaque no "novo rock" pregam a castidade (como os tals dos irmãos jonas). outras pregam o não uso de drogas. algumas pregam os dois ao mesmo tempo. e, pra completar o desrespeito à toda a trindade, nenhuma delas faz algo que possa ser chamado de rock. sim, minha amiguinha querida, aquilo que você leu na capricho, aquela matéria falando sobre o "rock romântico do nx zero", era mentira. o que eles fazem não é rock. pelo pouco que eu suportei ouvir das músicas dessas bandas, me parecia mais uma música de zezé di camargo e luciano, só que, ao invés de ser tocada com violão, viola e teclados toscos, é tocada com baixo, bateria e guitarra. atenção: usar baixo, bateria e guitarra não é o suficiente pra fazer rock. ficadica. ah, sim, e não adianta fazer tatuagens e usar moicano. ainda não é o suficiente.

"ah, então você é daquele rockeiro das antigas, que pega um monte de mulher, usa muitas drogas, é bem loucão?"

não. longe disso. principalmente a parte das mulheres (não, não sou gay. só sou azarado) e das drogas (aí é falta de vontade mesmo). sou só bem de boa. e não me importo tanto com o restante da trindade, mais com o rock. e, coincidentemente ou não, a maior parte das boas bandas, de hoje ou de antigamente, seguia essa trindade. e as bandas ruins vão contra ela. existem exceções, claro. mas não lembro de nenhuma. então, crianças, se quiserem fazer rock decentemente, já sabem o caminho. ou não.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

receita para uma vida patética

se você espera um dos costumeiros posts pseudo-engraçadinhos, não leia. esse é meu primeiro (e provavelmente último) post sério, sobre assuntos idiotas e introspectivos. também conhecidos como emo. ou o que você quiser chamar.


um belo dia você para pra pensar na vida. em tudo o que fez, e em tudo o que está fazendo. e percebe que nunca viveu nada grandioso, nunca fez nada especial. que nunca se dedicou firmemente à nada. nos estudos, sempre levou com a barriga, contando com a sorte, talvez com uma inteligência acima da média, mas sem nenhum esforço. sem ao menos se importar de verdade com o que está fazendo. e percebe que está ocupando um lugar que muita gente queria. e que boa parte desse povo aproveitaria esse lugar muito melhor do que você. pronto, esse é o primeiro passo.

depois, você pensa no seu emprego, e nos empregos passados. concurso público. muita gente gasta dinheiro com cursinho, dias e dias de estudo, e não consegue uma vaga. e você, fazendo provas sem se importar, consegue. é contratado, trabalha por trabalhar, só pra ganhar dinheiro e manter seus gastos fúteis, enquanto muita gente daria tudo pra ter um emprego como o seu, pra poder sustentar decentemente uma família. esse povo, menos privilegiado, tem que trabalhar muito mais, em empregos piores, pra ganhar menos. e, ainda assim, se sente realizado por conseguir colocar comida em casa. e você, morando com os pais, não precisando nem gastar com 100% do seu sustento, reclama. acha que aquele emprego é uma merda, não se dedica direito, e ainda acha que ganha pouco. ganhar mais pra que? pra comer mais vezes no mcdonald's? pra comprar mais cd's? patético. segundo passo dado.

agora é hora de pensar na família. você não se sente à vontade pra conversar sobre assuntos realmente sérios com ninguém na sua casa. faz piadas, fala besteira, conversa sobre futebol, política... mas falar da sua vida, dos seus problemas, você não fala. vive com eles há mais de 20 anos, mas não tem coragem de falar sobre nada que não seja superficial. e nem de perguntar sobre os problemas deles. pra que perguntar, são só as pessoas mais próximas de você, não é mesmo? você não precisa saber da vida delas. foi dado o terceiro passo.

amigos. quantos verdadeiros amigos você tem? não consegue nem usar todos os dedos das mãos pra contar. e vive reclamando que esses poucos amigos estão distantes, que não têm tempo pra você, que não perguntam sobre os seus problemas. e, quando eles fazem isso, muitas vezes você não conversa direito, porque arruma algum outro motivo pra ficar chateado. e você já parou pra pensar nas vezes em que você não ajudou seus amigos? nas vezes em que brigou com eles por motivos idiotas? e nas vezes em que você simplesmente deixou de dar um abraço ou uma palavra amiga pra eles? pois é, talvez você mereça o tratamento que recebe às vezes. quarto passo dado.

e o que você faz do seu tempo livre? fica em casa, na internet, matando tempo. fica jogando vídeo-game. super-produtivo, ein? ah, não, você tem uma banda! e não tem capacidade de criar nada novo. não consegue fazer uma música que preste, depende de covers. grande o seu talento, não? muito criativo. quinto passo dado.

e finalmente você para pra pensar naquilo que sempre foi o mais importante pra você. aquilo que você sempre considerou fundamental pra sua vida. sim, aquela baboseira chamada amor. e o que você conclui? que você nunca teve a capacidade de atrair ninguém. que você é tão sem graça, tão patético, que ninguém consegue gostar de verdade de você, não mais do que uma ou duas vezes. as pessoas enjoam de você. e o que você faz? você pensa sobre o que faz de errado? você tenta melhorar, corrigir suas falhas? não, você faz o mais fácil. culpa os outros, o mundo, a sorte, qualquer coisa, menos o único verdadeiro culpado, que é você. esse foi o sexto e último passo.

agora você já pode se sentir mal consigo mesmo.

e sabe o que é pior? mesmo sabendo de tudo isso, você não tem a capacidade de mudar. você não sabe o que fazer, você tem medo de fazer, e segue vivendo sua vida vazia. pronto, você deu todos os passos para uma vida patética.

sábado, 11 de outubro de 2008

Lifetime carma

Não é todo mundo que consegue. Mas alguns nascem com o dom.

O dom de serem azaradas pela vida toda. Não, não é uma fase, como meus bem mal-vividos 18 anos me ensinaram, é um carma eterno. Muito eterno. Infinito vezes infinito de eterno. Se eu for para o céu, tropeçarei na entrada, soltarei uma piada envolvendo crianças e padres ou serei escolhida para reencarnar como piolho. Já posso imaginar um santo me puxando para um canto de nuvem e me revelando: "Fizemos um sorteio e me parece, senhorita¹ Isabel, que a senhorita será um piolho em sua próxima vida. Não se preocupe, vai ser rapidinho, logo, logo, vão jogar Escabim e morrerás intoxicada, senão, do pente fino, você não escapa. A menos que você vá parar na cabeça de alguém sem qualquer higiene, se for o caso, você morre em alguns dias depois de explodir com todo o sangue que consumiu. Não chore, por favor, será um piolhinho garboso ou quem sabe uma piolhinha belíssima. Sério, para de chorar, ta me irritando! Ta, ta, quer ser o que então? Um vírus da AIDS?" /Vagabunda, pensou o santo/ E, se eu for para o inferno, quando eu for abraçar o diabo, serei espetada com o tridente dele ou os condenados vão me escolher para ser sua mucama. Já posso ver a cena: eu sobrecarregada de trabalho, tendo que por toda a lenha do pessoal nas fogueiras e eles fazendo um churras com o meu pé esquerdo – o qual foi decepado porque pareceu gostoso para um deles - e rindo horrores da minha imagem manca levando um carrinho de mão por entre as chamas. (Além disso, estarei no inferno, o que, por si só, já é bem azarado). E, se eu ficar no purgatório por muito tempo, derramarei o cafezinho da fila de espera na minha blusa ou perderão minha ficha de boas ações/ más ações e eu serei acusada de ter sumido com a lista e, como pena, me obrigarão a fazer trabalho burocrático no Escritório Purgatorial por toda a eternidade. Já posso me visualizar: andando pelos corredores do purgatório com uma roupinha de secretária-cinquentona-medíocre – saia marrom comprida e suéter de lã cor rosa-calcinha por cima - carregando fichas e mais fichas, analisando casos, sendo subornada para livrar gente do inferno².

Pois é, não bastava a vida toda de azar. Tinham que me meter a eternidade goela abaixo. Como disse, são poucos os que conseguem.

- Outra hora escreverei sobre os azares dessa vida. Por enquanto estou bloqueando o assunto através de devaneios ridículos.

1. Senhorita, pois, como boa azarada, morrerei solteira. Com certeza quando tiver idade para casar, haverá uma guerra e a proporção homem-mulher será de 1:8. E desses, metade é gay e um quarto está casado. Faça as contas.

2. Coincidência ou não, o purgatório se parece muito com a Terra. O que faz bastante sentido, já que é um lugar que fica entre o céu e o inferno. Se o céu fica acima e o inferno, abaixo, onde mais poderia ficar?

sábado, 4 de outubro de 2008

arapuca de natal*

*o título é baseado em uma piada interna dos proprietários do blog. se não quiser se arriscar em saber o motivo insano que levou alguém a pensar em uma arapuca de natal, não me pergunte de onde surgiu. apenas ignore o título e siga em frente com a leitura.


esses dias estava andando na rua, e me deparei com um papai noel incrivelmente magro. ele é uma figura perfeita pra ilustrar a decadência do natal. hoje em dia, a partir do mês de outubro, no máximo novembro, todo mundo começa a preparação pro natal. começam a fazer cestas, comidas, ou qualquer outra coisa que possa ser vendida usando essa data tão especial como pretexto. e, com essa preocupação excessiva em vender, as pessoas se esquecem do verdadeiro significado do natal. "tio, tio, dexa eu responder! é celebrar o naiscimento do mininu jisuis?"

não! o verdadeiro sigificado do natal é comprar. tá, também é enganar as crianças inocentes com toda essa história de papai noel, jesus, estrela de belém e coisarada. mas, acima de tudo, comprar. não que as pessoas tenham deixado de comprar, claro. mas, nos meus bons e velhos tempos de criança, eram poucos os que vendiam algo nessa época. em compensação, todos compravam, e compravam presentes pra todo mundo. pai, mãe, filho, filha, irmãos, afilhados, sobrinhos, chefe.. até pros caras do caminhão de lixo sobrava alguma coisa.

mas as coisas mudaram. todo mundo ainda compra, mas normalmente só pros mais próximos. e as vendas, antes restritas a poucos privilegiados (grandes lojas, coca-cola - a velha lenda da cor da roupa do papai noel), agora são feitas por um número enorme de pessoas. aposto que você conhece alguém que, na época do natal, vende alguma coisa, ou tenta, de alguma maneira, lucrar em cima desse dia. meu pai, na loja dele, compra alguns produtos pra vender especialmente nessa época. não vou me assustar se, daqui há alguns dias, o cara do caminhão do lixo deixar, no lugar das sacolas, um panfleto mostrando todos os produtos natalinos que ele fez, utilizando garrafas pet, caixinhas tetra pak e latinhas de alumínio. e que está vendendo por um preço super-especial. enfim, resumindo: boa parte das pessoas, ao invés de se preocupar apenas em gastar, pensa em ganhar dinheiro. o espírito natalino foi perdido.

saudades dos velhos tempos.